A doença de Alzheimer deverá
triplicar em 2050, afetando 115 milhões de pessoas no mundo. Não
há cura ou tratamento ainda para a condição neurodegenerativa, mas muitos
médicos e cientistas dizem que as drogas que falharam até agora vão funcionar
se aplicadas mais cedo, uma estratégia que requer o diagnóstico da doença antes
de desenvolver os sintomas. Agora, uma equipe de pesquisa descobriu um grupo de
moléculas no sangue que eles dizem que pode prever com 90% de precisão se as
pessoas mais velhas irão desenvolver a doença ao longo de 2 a 3 anos. Embora
esse teste não esteja pronto para uso geral, a técnica poderá ajudar a recrutar
pessoas que correm maior risco de desenvolver a doença de Alzheimer, e indicará
os tratamentos possíveis, é o que relata uma matéria da revista Science desta
semana.
Além de analisar a autópsia do
cérebro de uma pessoa, existem dois métodos aceitos de diagnosticar a doença de
Alzheimer, diz Douglas Galasko, neurocientista da Universidade da Califórnia
(UC), San Diego, School of Medicine. Uma dessas técnicas é a varredura no
cérebro, que mostrará imagens para detectar as placas de proteínas
características e emaranhados no tecido cerebral que marcam o transtorno. As
outras técnicas medem os níveis destas proteínas através da extração de fluido
a partir da medula espinhal. Poucas pessoas querem se submeter a esse procedimento
doloroso, porque ambas as técnicas são caras e não muito precisas,
especialmente nos estágios iniciais da doença de Alzheimer, os pesquisadores
passaram décadas procurando por um teste baseado no sangue, que seja menos
invasivo, e mais acessível. Até agora esses esforços não obtiveram "sucesso",
diz Galasko.
Para descobrir moléculas do
sangue que podem sinalizar o aparecimento da doença de Alzheimer em pessoas
idosas, uma equipe da Universidade de Georgetown e várias outras instituições,
recrutaram idosos de 70 anos e com mais idade, em comunidades de aposentados de
Nova York e Califórnia. Eles recolheram amostras de sangue e enviaram para um
laboratório com um espectrômetro de massa, a fim de quantificar com precisão a composição
química das amostras de sangue dos idosos.
A matéria diz que ao longo de 3
anos, os pesquisadores acompanharam a saúde mental dos idosos, e identificaram
53 pessoas com comprometimento cognitivo leve ou a doença de Alzheimer, 18 dos
quais não haviam exibido quaisquer sintomas no início do estudo. Quando
completou os 3 anos, eles voltaram a analisar as amostras de sangue e compararam
com as amostras das pessoas que desenvolveram os sintomas da doença de
Alzheimer, com os 53 idosos do grupo que permaneceram saudáveis. No grupo cuja
saúde mental tinha declinado, houve alterações significativas nos níveis
sanguíneos de 10 produtos químicos diferentes, incluindo moléculas de gordura,
chamados de fosfolipídios, que ajudam a manter as membranas celulares do
cérebro e do corpo intacto.
Para verificar se suas
observações não eram apenas um evento aleatório, a equipe testou se o mesmo padrão
alterado poderia prever se outros 41 idosos das mesmas comunidades, tinham
desenvolvido a doença de Alzheimer, e descobriram que ela atingiu a marca de
90% do tempo. Apesar desses resultados encorajadores, Howard Federoff,
neurocientista da Universidade de Georgetown em Washington, DC, diz que o teste
precisa de mais validação. "Esta é uma nova observação, é preciso que seja
estendido e replicado em um grupo independente de indivíduos."
Outros são igualmente cautelosos.
"Nós não sabemos se será um grande negócio ou não" até que outros
grupos repliquem o estudo, concorda Michael Weiner, um neurocientista da
Universidade da Califórnia, San Francisco. A população de pessoas com doença de
Alzheimer é tão diversificada, que são repletas de problemas de saúde, que pode
revelar que embora o teste seja bom em detectar as pessoas que estão em risco,
ele irá descobrir muitas outras condições em que o processo será útil como uma
ferramenta de diagnóstico. Se for esse o caso, o teste ainda pode ser utilizado
para rastrear pessoas para ensaios clínicos de prevenção de drogas de Alzheimer
para a doença, diz ele.
Disponível em: http://www.jb.com.br Acesoo em: 10-03-2014 às 16:48.
Nenhum comentário:
Postar um comentário